Toma lá veneno!
Certas pessoas são
tóxicas
São vampiros
emocionais que sugam a energia alheia e infernizam a vida dos outros. Conheça
as dez personalidades mais psicovenenosas.
Quando um
conhecido lhe diz “isto não é uma crítica”, pode significar que, no fundo, o
que pretende é desmotivá-lo e fazê-lo sentir-se mal. Não interessa que o êxito
que conquistou seja fruto do seu trabalho ou do seu talento: o invejoso doentio
irá procurar destruí-lo através da depreciação ou da calúnia.
Napoleão
Bonaparte afirmou que a inveja constitui uma declaração de inferioridade.
Todavia, à semelhança do que acontece com o estúpido, o invejoso pode ser um
inimigo muito perigoso, impelido por um desejo irreprimível de destruir quem
alcançou o triunfo ou a excelência.
Nem todos seguem o
mesmo padrão.
Há os arrogantes, que exibem uma suposta superioridade, os
hostis, que nos maltratam verbalmente, os déspotas, que nos anulam no emprego,
os psicóticos, que representam um perigo, e os neuróticos, que nos estragam a
vida. Embora possam adotar diversos perfis psicológicos, todos partilham duas
características: são manipuladores e intratáveis. Apenas a experiência nos
permite detetá-los a tempo e evitar qualquer contacto.
Será que podemos
classificá-los como gente tóxica? Psicólogos e psiquiatras respondem
afirmativamente. São como vampiros que se alimentam das energias alheias,
parasitas sociais que procuram dominar as vítimas para humilhá-las, anulá-las
ou destruí-las. Conviver com tais pessoas constitui um pesadelo. Os
comportamentos doentios que manifestam enfurecem o ser mais equilibrado e as
suas emanações negativas envenenam os sítios por onde passam.
Em 1995, Lillian
Glass, escritora e especialista em comunicação,
publicou Toxic People – 10 Ways of Dealing With People Who Make Your Life Miserable,
obra em que introduziu pela primeira vez um termo que passou a fazer parte da
linguagem quotidiana, dos artigos de jornais, das séries televisivas ou mesmo
de canções pop, como Toxic, que garantiu um Grammy a Britney Spears.
No seu novo livro,
Toxic Men – 10 Ways of Identifying, Dealing With and Healing from Men Who Make
Your Life Miserable, Lillian Glass descreve o perfil desses vampiros psíquicos:
“Alguns são indivíduos com uma autoestima tão baixa e que se sentem tão
deprimidos que conseguem, para melhorar o próprio estado de espírito, absorver
a alegria das pessoas que os rodeiam”, afirma a escritora.
A estratégia
envolvente desses indivíduos, que disfarça o seu poder tóxico, faz que possamos
cair nas suas redes sem nos apercebermos. Quando damos conta da situação em que
nos encontramos, já é demasiado tarde.
Vampiros à solta
Muitos são
manipuladores que estudam as vítimas para descobrir as suas vulnerabilidades.
Procuram pessoas que tenham dificuldade em dizer “não” e que receiem o
confronto. O principal objetivo é a destruição do outro. Algumas das
ferramentas que utilizam são o assédio moral e a agressão verbal, com as quais
isolam lentamente a vítima dos seus amigos e familiares. As pessoas tóxicas
agem com a mesma estratégia psicológica de uma seita.
Os
norte-americanos Ronald Schouten, psiquiatra da Escola de Medicina de Harvard,
e James Silver, advogado e criminalista, são os autores de Almost a Psychopath
(“Quase um psicopata”), no qual descrevem as pessoas que mostram apenas algumas
das características da psicopatia, mas que podem tornar-se letais para aqueles
com quem convivem. De facto, representam uma ameaça maior para a comunidade do
que os psicopatas genuínos, pois o seu número é maior e são mais esquivos. Os
autores afirmam também que são psicopatas bem-sucedidos, pois costumam ter
êxito na vida, apesar do comportamento patológico e da acumulação gradual de
vítimas.
O psicólogo
argentino Bernardo Stamateas, autor de Gente Tóxica – Como Lidar Com Pessoas
Difíceis e Não Ser Dominado por Elas (publicado no Brasil), assegura que estes
parasitas sociais fingem ser amigos, mostrando o seu lado mais inofensivo, para
ir minando pouco a pouco a segurança da vítima com comentários subtis e com
piadas e frases irônicas, supostamente inócuas. “Na realidade, o seu objetivo é
reduzir a autoestima e o valor da pessoa, para a sua autoridade aumentar. O que
pretende é obter poder e controlo sobre tudo e todos”, sublinha Stamateas.
É a estratégia que
o chefe depreciador utiliza para desprestigiar os subordinados. Critica tanto
aqueles que fazem algo por iniciativa própria como os que não fazem nada por
prudência. É um profissional das mensagens duplas, ao pedir ao mesmo tempo
tarefas opostas. Tem por objetivo humilhar o inferior sob as suas ordens e
roubar-lhe a segurança. É o perigoso vampiro a que muitas pessoas estão
expostas ao longo da sua vida profissional.
Outro modelo de
indivíduo tóxico é aquele que exerce o poder que detém com desprezo, gritos e
maus tratos. É um agressor verbal que encontra sempre uma oportunidade para
discutir e criar conflitos em seu redor. Estes indivíduos são autoritários e
acreditam ser portadores de uma verdade absoluta. Incapazes de estabelecer uma
discussão civilizada, impõem os seus critérios aos gritos, impedindo os
interlocutores de responder, e ainda os insultam para lhes mostrar a sua
incompetência. Além dos danos que podem infligir, a agressividade dos violentos
verbais é altamente contagiosa.
Intimidantes e
desestabilizadores
Embora nem todos
os perfis sejam tão violentos, os tóxicos são sempre pessoas intimidantes e
desestabilizadoras. É o caso do neurótico, que não só vive angustiado com o que
diz e faz como, também, com o que não diz e não faz. O seu perfeccionismo e a
sua agressividade podem tornar a vida insuportável a quem o rodeia. Precisa
tanto que o estimem que chega a ser compulsivamente possessivo.
Como escapar, se a
pessoa tóxica for a nossa própria mãe, o nosso irmão ou o nosso chefe no
emprego? Se a situação envolve um risco para a estabilidade da vítima, os
terapeutas indicam que a única saída é afastar-se desses vampiros, para evitar
a tortura de suportá-los e o perigo de se transformar num deles. Contudo, a
vítima que tem de permanecer no emprego para manter o salário nada pode fazer
perante um chefe autoritário que confunde o contrato de trabalho com
servilismo.
Diana Cohen
Agrest, doutorada em filosofia pela Universidade de Buenos Aires, considera que
a nossa obrigação é fugir dos laços que nos atam a pessoas ou situações
destrutivas. Contudo, adverte para a estigmatização dos tóxicos: “Os seres
humanos não se comportam de determinada maneira para sempre. Estamos em
constante processo de construção. A classificação definitiva é a do epitáfio,
pois apenas aí adquirimos uma identidade imutável.” Diana Cohen considera que
os tóxicos podem sempre adquirir características mais positivas. Outros
psicólogos pensam que o problema não provém tanto dos vampiros psíquicos como
das situações tóxicas a que estamos expostos. São os cenários da vida real que
nos envenenam pouco a pouco.
Lillian Glass
afirma que se trata da variante mais perigosa de indivíduos tóxicos. São
pessoas com graves distúrbios que podem fazer muito mal ou mesmo ameaçar a vida
das suas vítimas. Nunca assumem qualquer responsabilidade. São incapazes de
pedir desculpa, de dizer “lamento”. “Aproveitam-se dos outros com recurso ao
encanto, ao logro, à violência e a outros métodos que lhes permitam conseguir
tudo o que querem”, explica a escritora.
A primeira vez que
entramos em contacto com um sociopsicopata, ficamos com uma excelente
impressão, pois ele diz-nos tudo o que queremos ouvir. Normalmente, fazem
muitas perguntas às suas vítimas. O objetivo é averiguar rapidamente quais as
emoções das pessoas que pretendem torturar. Têm em comum com o arrogante a
elevada autoestima. Utilizam muito a palavra “eu”, consequência lógica da
altíssima opinião que fazem de si próprios. Os nossos sentimentos ou direitos
não os preocupam minimamente.
"Nunca sentem
remorsos e não sabem o que é a empatia. Costumam comportar-se como parasitas.
São impulsivos e irresponsáveis. Tendem a viver aqui e agora, sem parar para
pensar se a sua atitude poderá ter consequências no futuro."
“Seguramente, o
sinal mais claro de que está diante de um sociopsicopata é que ele irá
contradizer-se com frequência, praticamente na mesma frase”, adverte Lillian
Glass.
Se lhe perguntarmos se tem o número de telefone de uma pessoa conhecida,
poderá responder que não. Porém, se lhe perguntarmos em seguida se conhece
alguém que o tenha, é muito provável que responda que ele próprio o tem. Outro
traço característico destas pessoas tóxicos é o seu olhar. Fixarem os olhos nos
nossos sem mover um único músculo do rosto é um sinal evidente de que nos estão
a manipular. Conseguem não mostrar qualquer expressão facial, pois não sentem
emoções. Se tivermos a má sorte de deparar com um indivíduo deste gênero, a
melhor coisa a fazer é fugir.
A vítima queixinhas
Este tipo de
pessoa tóxica transpira negatividade pelos poros. Se algo lhe correr bem,
procurará sempre dar a volta à situação para a transformar em qualquer coisa de
mau, de negativo. Vê-se a si própria como uma vítima indefesa, incapaz de fazer
seja o que for para sair desse infernal ciclo vicioso. É um indivíduo que vê
tudo negro. “Vive a derramar a dor do passado no presente e no futuro. Sente
que se está a destruir a si próprio e arrasta os outros com ele”, afirma
Lillian Glass.
São pessoas que se
estão sempre a queixar, a perguntar por que é que as coisas lhes correm tão
mal, por que é que o mundo as trata dessa forma. Veem-se a si próprias como
bodes expiatórios e estão sempre a justificar-se, explicando o que tiveram de
sacrificar e como estão a sofrer. E tudo para nada, pois o mundo continua a
parecer-lhes um lugar horrível em que apenas existe sofrimento e fracasso.
Vivem zangadas com
os outros e consigo próprias. Fazem da queixa um hábito, uma forma de vida.
Acreditam sempre que algo ou alguém as está a maltratar. “O medo, a
insegurança, a inquietação e a dor são sentimentos que invadem as pessoas
queixosas, as quais se transformam, assim, em seres tóxicos para si próprios e
para os que os rodeiam”, assegura Bernardo Stamateas.
A vítima
lamurienta de uma sociedade que a atormenta pode chegar a converter-se num ser
tóxico perigoso. “Tal como se culpa a si própria, também manifesta uma
facilidade espantosa para culpar qualquer um pela sua situação desesperada,
sobretudo nós: é por nossa culpa que ela consome drogas, ou é porque esbanjamos dinheiro que ela bebe. Se ouvirmos constantemente ‘é por tua
culpa...’, não há dúvida de que estamos perante uma pessoa desse tipo”,
sublinha Lillian Glass.
A vítima
queixinhas partilha algumas características psicológicas com os neuróticos.
Andam eternamente à procura de ajuda; choram muito mas não fazem nada. “Os
neuróticos queixam-se, lamentam-se, mas deixam tudo na mesma. A realidade é que
não querem perder os benefícios que resultam das queixas”, assegura
Stamateas.
Os que se fazem
passar por vítimas e os neuróticos adaptam a informação e os factos à forma
como veem a realidade. Passam a vida a discutir e a tentar fazer ver aos outros
que é o mundo que lhes torna a vida impossível, mas nada fazem para sair desse
círculo.
O agressivo verbal
Estes indivíduos
tóxicos produzem um grande desgaste emocional e vital às pessoas que têm de
lidar com eles. As suas vítimas sujeitam o seu bem-estar aos estados de humor e
aos modos dos agressivos verbais. Podem ser o companheiro, pai, mãe, o chefe no emprego
ou o amigo a quem nos sentimos ligados por uma noção de lealdade. São pessoas de
trato difícil. Costumam ser mordazes, ofensivas e intimidantes.
“O agressivo
verbal tem por objetivo fazer-nos sentir pequenos, incapazes, fracos e
inseguros", explica Bernardo Stamateas. A meta que persegue é fazer os outros
reconhecerem a sua autoridade, para poder impor tudo o que lhe passar pela
cabeça. Exerce o poder de intimidação com gritos, maus tratos e a
desvalorização das vítimas. É o gênero de pessoa que encontra sempre motivos
para discutir e confrontar os outros com violência. Em pleno acesso de ira,
quando o rosto fica vermelho e os olhos parecem querer sair-lhe das órbitas, a
boca abre-se para deixar sair um manancial de verborreia agressiva.
São pessoas que
parecem sentir prazer em dificultar a vida dos outros. Recorrem a todo o tipo
de estratégias para esgotar a paciência alheia. O que o agressivo verbal
pretende é despertar a ira dos restantes. Utiliza um tom de voz intimidante que
provoca uma rejeição unânime. É incapaz de estabelecer laços interpessoais
duradouros e vai-se fechando num círculo que ele próprio criou. No fim, acaba a
sentir-se só e rejeitado. Contudo, até chegar a essa situação, os violentos
verbais tornam a vida impossível aos que os rodeiam.
O que se pode
fazer com uma pessoa assim?
Procurar chamá-la à razão é difícil. A vítima tem
de controlar os seus instintos mais baixos para evitar o confronto direto com o
agressor, num terreno que não é o seu. Quem suporta a sua irascível verborreia
deve procurar entender que o violento bombardeamento não tem forçosamente de
enfraquecer nem beliscar a sua autoestima.
O louco é quem grita, não a vítima.
Porém, não podemos aceitar permanentemente a violência que exercem sobre nós.
Há que colocar limites às agressões verbais que recebemos.
A certa altura, o
violento verbal poderá dizer-nos que somos a melhor pessoa e a única com quem
pode contar, e logo a seguir tratar-nos como inúteis e incapazes. É o método
que utiliza para nos fazer duvidar das nossas emoções. Num dia, admiramo-lo e
pensamos que é uma pessoa objetiva e
inteligente. No seguinte, quando nos lança um dardo envenenado, desorienta-nos
e passamos a odiá-lo.
O medíocre
A moleza e a
letargia são comportamentos altamente contagiosos. A ausência de metas na vida,
uma característica específica do medíocre, leva muitas pessoas a
conformarem-se com uma existência monótona em que os estímulos desapareceram
por completo. Para este tipo de indivíduos tóxicos, o mais importante é chegar
ao fim do mês sem se expor a nada que possa alterar a sua mediocridade, que as
afaste do inesperado e do extraordinário, duas características que marcam a
vida dos empreendedores e dos dinâmicos.
Estes seres
tóxicos podem contaminar as pessoas à sua volta. Quase sem nos darmos conta, o
medíocre faz-nos ver a vida pelo seu ponto de vista. Acordamos de mau humor,
arrastamo-nos até ao trabalho, amaldiçoamos a nossa sorte, cumprimos o horário
estabelecido, regressamos a casa com a mente em branco e ficamos a ver TV
deitados no sofá. A vida transforma-se num imenso vazio em que não há espaço
para sonhos ou aventuras, para o inesperado e o transcendente.
Manter relações
sociais com pessoas medíocres é entrar num clube de gente tóxica que irá envenenar, pouco a pouco, quem tiver um carácter aberto, empreendedor e
dinâmico. São figuras que vivem em permanente letargia, embora normalmente não
façam mal a ninguém, apenas a si próprias. Porém, devemos ser cautelosos, pois
também se podem tornar perigosas. “É da qualidade das relações que
estabelecermos que dependerá, diretamente, o nível do êxito que alcançarmos”,
afirma Stamateas.
A força e o
impulso vital de que dispomos para enfrentar uma iniciativa ou qualquer projeto
serão afetadas se nos associarmos a esse tipo de gente tóxica. A tragédia surge
quando o medíocre é um amigo de infância, um dos nossos irmãos, uma mãe, um pai.
Que fazer nestes casos? Resistir. Não claudicar perante o
espírito de resignação que impregna a vida do medíocre.
"Depende de nós
escolher quem nos vai acompanhar ao longo da vida. A tarefa de criar as nossas
relações interpessoais, de evitar por todos os meios as pessoas tóxicas e de
abrir o nosso círculo a quem tem uma mente mais aberta e uma atitude mais
vitalista, é um dos objetivos importantes da vida. É uma tarefa árdua e
difícil, que requer uma grande atenção e grande capacidade de análise."
Uma ajuda é a
empatia que sentimos pelos nossos iguais, as pessoas que nos agradam, ainda que
não saibamos exatamente porquê. Quando os escolhemos, não costumamos errar,
mas, por vezes, emboscado num manto de sedução, pode estar um medíocre
manipulador. Se o deixar penetrar no seu círculo de relações interpessoais, não
duvide de que irá fazer-lhe amargar a existência.
O Arrogante
presunçoso
São sobranceiros,
vaidosos, pedantes, presumidos e autossuficientes. Demonstram excesso de
confiança no que dizem, no que fazem e nas decisões que tomam. Sentem-se
perfeitos, pequenos deuses que ninguém pode contradizer. O arrogante presunçoso
é aquela pessoa detestável que, numa reunião de amigos, compete para ser o mais
inteligente, o mais sagaz, o que tem resposta para tudo. São capazes de decorar
uma série de frases célebres para citá-las em momentos-chave de uma conversa,
com o objetivo de surpreender o interlocutor e convencê-lo de que é superior,
mais culto, alguém que está acima da média.
“Um sabe-tudo
arrogante e presunçoso ofende e trata com condescendência toda a gente para se
sentir melhor do que os outros. Os seus comentários depreciativos”, explica
Lillian Glass, “são geralmente subtis. Por exemplo, reage às nossas opiniões
com fases como: ‘Tens a certeza disso?’ ou ‘Não acreditas nisso, pois não?’ .”
Este tipo de indivíduo é um déspota intelectual. Só as suas ideias e opiniões
interessam. Costuma estar tão absorto em si próprio que nem sequer precisa de
monopolizar a atenção dos outros enquanto pontifica.
O arrogante
costuma exibir um trejeito ou um sorriso falso e forçado quando o obrigam a
escutar um interlocutor. “Tais sorrisos sarcásticos indicam que se acha
superior e que lhe tem muito pouco respeito”, afirma Lillian Glass. Este género
de indivíduos costuma apontar-nos o dedo enquanto fala connosco. A intenção é
mostrar que está muito acima de nós. O tom de voz é geralmente duro e
agressivo. É a forma de mostrar a sua impaciência perante a nossa
incompetência. Somos todos inferiores a essas criaturas presunçosas.
Quando sentem que
alguém os enfrenta, os arrogantes e presunçosos adotam uma atitude defensiva,
de mãos nos quadris e cotovelos abertos. É o seu sinal para mostrar aos outros
que mantenham a distância. Se alguém ousa duvidar do seu discurso petulante,
não será raro que percorra a divisão com os olhos, fazendo ver ao interlocutor
que procura gente mais interessante e importante. É o genuíno impertinente que
quer sempre ficar por cima.
“São indivíduos
que sofrem de um excesso de amor próprio. No trabalho, convencem os colegas de
que, sem eles, o projeto falharia. Quando eles não estão, nada funciona”,
dizBernardo Stametas. A sua convicção de serem melhores do que os outros
leva-os frequentemente ao fracasso. “O orgulho é como o mau hálito: toda a
gente o sente, menos quem dele padece”, sublinha Stamateas.
Evidentemente, ter
confiança em si próprio é positivo e produtivo. Levada ao extremo, a confiança
doentia pode impedir que questionemos e analisemos os erros que cometemos.
O chefe
autoritário
Numa relação
laboral, o chefe detém a legítima autoridade de fazer saber aos subordinados,
de forma adequada, o que espera deles. Não há dúvida de que é um direito seu. O
problema surge quando esse direito resvala para o autoritarismo e os maus
tratos, ferramentas perversas através das quais o chefe pode aproveitar-se da
sua posição e conseguir impor a sua vontade sem que esta seja questionada ou
alvo de contestação.
A pessoa que age
assim transforma-se num chefe autoritário e intimidante. Este género de pessoa
tóxica é desconfiada e muito venenosa. Acredita que chegou ao cargo que ocupa
na empresa por qualidades de chefia inatas e um cérebro privilegiado. Costumam
ser indivíduos violentos e praticar o assédio, e sentem-se legitimados para
depreciar e maltratar os seus subordinados. Têm sempre razão e esperam
respostas dos empregados mesmo antes de tê-las solicitado. Pensam que “ele já
sabe qual é a sua função”, o que é geralmente falso.
“Um chefe
autoritário obtém o controlo impondo a sua autoridade, inspirando receio em vez
de confiança, transformando o trabalho numa carga pesada em vez de apresentá-lo
como um projeto interessante, motivador e vantajoso para todos”, sublinha
Bernardo Stamateas. Muitos mostram a sua melhor face até chegarem a uma posição
elevada, altura em que se transformam em autênticos déspotas. Costumam sofrer
ataques de pânico, sobretudo quando pensam que alguém lhes quer roubar o cargo.
O perfil mais
violento destes indivíduos tóxicos costuma ser o de um obcecado com o controle,
que mostra toda a sua fúria e despotismo face aos subordinados. É o tipo que
critica frequentemente os subordinados: “Não é assim!”, “Foi isso que pedi?”.
Podem ser muito críticos com a aparência dos outros e com a sua forma de
vestir, sobretudo com as mulheres. Se for um homem, revela com elas o seu
carácter misógino: odeia todas as pessoas que considera inferiores, mais odeia ainda
mais as mulheres que chefia. A sua atitude autoritária e violenta é
profundamente tóxica.
Boicota quem quer
que seja que sobressaia no ambiente laboral, porque não suporta que alguém seja
mais importante do que ele. Nesse sentido, tem traços comuns com o narcisista e
o arrogante. Tenta controlar a liberdade dos subordinados, chegando a
ameaçá-los para reafirmar a sua posição dominante. Também pode chegar a ser um
violento verbal, insultando e desprezando publicamente os subordinados. No seu
tom de voz, há um timbre alarmista que o desmascara como obcecado pelo
controlo. A voz alta serve para intimidar quem o rodeia. Trabalhar sob as
ordens de um chefe autoritário pode ser uma das piores calamidades que uma
pessoa tem de enfrentar em algum momento da sua vida.
O intriguista
coscuvilheiro
O coscuvilheiro do
escritório é outra figura tóxica perigosa, pois pode gerar grandes rivalidades
no âmbito laboral. “Eu cá não acredito, mas os da Contabilidade dizem que a
nova secretária do chefe da tesouraria foi amante do diretor-geral.” À medida
que se propaga, o boato prenuncia a morte profissional de uma boa funcionária.
A única defesa perante os bisbilhoteiros é tratar de mantê-los à distância ou
fugir deles.
O boato costuma
começar com uma frase clássica: “Sei de fonte segura.” Segue-se a calúnia
envenenada. O intriguista sente prazer em ser escutado pelos outros. É a sua
forma de conquistar prestígio. Sabe que, para ter público, a mensagem a
transmitir deve ter impacto: como quase nunca tem algo interessante para
contar, inventa. Poderá modificar ou transformar qualquer informação de que
disponha para torná-la mais espetacular. É o fulano do escritório que conhece a
vida de todos, embora ninguém saiba quase nada dele.
Na sua ânsia de
notoriedade, o coscuvilheiro pode criar rumores destrutivos, capazes de
arruinar o prestígio de uma pessoa, ou boatos explosivos, que se propagam como
um rastilho de pólvora e chegam aos lugares mais inesperados. Em ambos os
casos, o profissional dos mexericos consegue criar uma informação falsa com
algumas componentes fidedignas que a tornam mais credível. Dirige a calúnia
contra uma pessoa que não lhe agrada ou que inveja em segredo. Desse modo, este
tipo de indivíduo tóxico pode desestabilizar todos os que o rodeiam.
“O intriguista
transporta a informação daqui para ali para se divertir e para adquirir um
certo poder sobre os outros, porque tem acesso a coisas secretas que só ele
conhece”, diz Lillian Glass.
Se partilharmos um segredo com ele, não duvidará
em usá-lo contra nós, se isso puder beneficiá-lo de algum modo. Bernardo
Stamateas afirma que estes indivíduos podem ser muito perigosos, dado que os
rumores que inventam são dirigidos contra pessoas que podem perder o seu
prestígio, o seu posto de trabalho ou a sua relação íntima com o parceiro.
Nem sempre é fácil
identificar o autor de um rumor, até porque muita gente participa na sua
difusão. Nesse sentido, todas as pessoas que acreditaram num rumor e o
comentaram com outras atuaram como autênticas armas tóxicas.
O depreciador
Parece sentir
prazer em depreciar ou menosprezar os outros. Tem por objetivo anular,
manipular ou desestabilizar as emoções das suas vítimas. Só dessa forma poderá
brilhar em todo o seu esplendor. O seu objetivo na vida é conseguir que a outra
pessoa viva desconfiada e insegura, de forma a depender das suas opiniões. É um
dos integrantes mais odiosos da lista de gente tóxica.
Se não pudermos
fugir de um depreciador, podemos pelo menos identificar o seu modo de agir e
tentar travar os ataques. Costuma desempenhar o papel de amigo e finge estar
interessado no que fazemos, mas a verdadeira intenção é estudar-nos para
descobrir um ponto fraco e utilizá-lo a seu favor, enquanto nos desvaloriza
perante os outros. Em pleno apogeu, o depreciador mostra as garras e fará crer
à vítima, através de insinuações, que tudo o que faz está errado.
Finge escutar as
queixas dos outros para depois poder, no momento oportuno, trazê-las à baila e
diminuir a autoestima e o poder dos seus adversários ou subordinados. Vive
oculto por detrás de uma máscara para esconder o seu mau humor, a sua
irritabilidade e a sua falta de controle. É incapaz de se mostrar e de se
relacionar tal como é. No seu disfarce de pessoa sensata e amistosa, procura a
melhor altura para impor o domínio e controlar todos os que estão ao seu alcance.
Uma vez atingido o
objetivo, o depreciador despe a máscara a mostra a sua face mais violenta,
transformando-se noutro tipo de pessoa tóxica. Nessa nova posição de força,
poderá gritar e insultar a vítima perante os colegas de trabalho, atribuindo-lhe
tarefas impossíveis. No seu afã de mostrar que é ele que detém o poder, ataca
os outros em público, desqualificando o seu trabalho e expondo-os à má opinião
dos colegas. Na sua nova dimensão, torna-se um indivíduo letal, capaz de
destruir a reputação de alguém através de calúnias.
É preciso ter
muito cuidado quando encontramos um tóxico dete calibre, dado que a
desqualificação pode tornar-se uma doença contagiosa. Estas pessoas costumam
encontrar formas de cooperar connosco para, uma vez alcançada a nossa
confiança, serem as suas ações e decisões a terem peso na nossa vida. Chegados
a este ponto, é possível que duvidemos de nós próprios e acreditemos que é o
abusador quem tem razão. Não é raro a vítima dar-se por feliz por teu ao seu
lado alguém que lhe mostra o seu valor real, tornando-se, sem se dar conta, uma
espécie de escravo. Se não conseguirmos travar a tempo a influência do
desqualificador, corremos o risco de nos tornarmos como ele.
Invejoso
Passa a vida a
desejar o que os outros têm. É incapaz de triunfar na vida, pelo que fica
obcecado com os êxitos alheios. Na versão mais doentia, a inveja transforma-se
no desejo de destruição do outro. O invejoso tenta acabar com a vítima através
da perseguição ou depreciação constantes. Odeia-a pelas conquistas e pelo êxito
que alcançou. Acredita que, se não conseguiu nada na vida, pelo menos possui a
legitimidade que o seu ódio lhe confere para destruir o que os triunfadores
alcançaram.
São pessoas que
canalizam a sua energia para o “outro”, em vez de procurarem dentro de si
próprias. Desperdiçam tanto tempo a pensar nas outras pessoas que não têm
vontade para nada quando têm de se ocupar de si próprias. A inveja
transforma-as em seres intolerantes em relação aos feitos alheios. Sofrem por
ter menos dinheiro, menos felicidade e menos vitalidade do que o vizinho. Essa
atitude envenena-os pouco a pouco, provocando-lhes grande infelicidade e muita
dor. A crítica dos outros, o murmúrio, os rumores e os ciúmes são os fatores
que alimentam esta emoção tão corrosiva.
Os invejosos não
suportam as pessoas que ocupam lugares de privilégio. Odeiam quem se esforçou
para melhorar a sua qualidade de vida e conseguiu subir na vida. São pessoas
que atacam os outros e nunca prosperam. Como disse Francisco de Quevedo, “a
inveja é fraca porque morde mas não come”.
O neurótico
Se alguém tiver a
pouca sorte de associar-se a um neurótico para montar um negócio, irá passar um
mau bocado. Estas pessoas impõem sempre a si próprias metas e objetivos que
nunca poderão alcançar. Consideram-se eficazes, mas possuem sentimentos de
desvalorização que as bloqueiam. O neurótico castrador sofre também de uma
grande solidão, que procura colmatar procurando uma boa posição social. Preso
na sua neurose, vive imerso em fantasias. É tão autossuficente que nunca ouve
os conselhos de ninguém, muito menos os do sócio, que acabará falido. Tal como
o arrogante presunçoso, o neurótico não suporta que alguém saiba mais do que
ele.
Esteja onde
estiver, o neurótico arranja sempre maneira de chamar a atenção e de agradar a
todos os que se aproximam dele. O seu problema psicológico reside na infância,
em experiências que não conseguiu resolver e que o levam a desenvolver um
comportamento neurótico, cujas características mais distintivas são o perfeccionismo, a conflitualidade, o egoísmo e uma certa infantilidade. O
neurótico castrador invade, controla e asfixia permanentemente o outro. As suas
permanentes oscilações de humor podem tornar impossível viver com ele.
O neurótico
castrador trata sempre de nos fazer sentir culpados. A culpa é um dos
sentimentos mais negativos para um ser humano. É uma emoção que paralisa e
impede que desenvolvamos o nosso potencial. “Viver com culpa é uma prisão
perpétua”, diz Stamateas. Os castradores usam esse sentimento para manipular os
outros. Um bom exemplo é a mãe dominante que quer fazer o filho sentir-se mal:
“Depois de tudo o que fiz por ti, agora abandonas-me, fico para aqui sozinha?”
O neurótico
castrador torna-se o organizador do nosso destino. A sua habilidade para nos
fazer sentir culpados impede-nos de alcançar os objetivos que tínhamos traçado.
Não é raro os psicólogos encontrarem pacientes criados em famílias que os
fizeram acreditar que eram responsáveis pela separação dos pais ou pela perda
de emprego da mãe, que teve de se despedir para tomar conta deles. São vítimas
dos neuróticos castradores.
Em fim uma literatura realmente interessante e esclarecedora sobre as Pessoas TÓXICAS que passam por nossas vidas.
Claro que na maior parte das vezes se essas pessoas forem parte de nossa própria família, só nos livramos de verdade dessas pessoas e de seus efeitos tóxicos somente depois de muita terapia.
E com certeza mesmo depois de muita terapia temos que continuar mantendo o máximo cuidado para não se ver em recorrência de mais situações semelhantes afinal
todos os dias entram novas pessoas em nossas vidas!
Bjs
Meus
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on sábado, março 15, 2014
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Estamos cercados deles até mesmo em família! Quando isso acontece, manter distância é o ideal!
Bjus