Carta Aberta para o Aécio....Vale ler...  

Posted by: Rose Porciuncula in


CARTA ABERTA AO EXMO. SR. SENADOR AECIO NEVES DA CUNHA

Caro Exmo. Sr. Senador Aécio Neves,
Venho nesta humilde carta expressar o sentimento de vazio que sinto e hoje, ao andar nas ruas compartilhei.
O olhar atônito das pessoas tentando continuar suas vidas normalmente, meio sem rumo, sem saber o que fazer direito, remete a soldados pós batalha.
Independente do vencedor, ambos os lados compartilham as cicatrizes de uma batalha sangrenta, olhares sem alma, zumbis em busca de alguma referencia.
Para 51 milhões de brasileiros, este dia foi especialmente traumático.
A esperança reconquistada via força de mudança destas duas últimas semanas, trouxe de volta algo que a muito não víamos em nossos compatriotas.
Uma força de luta, de mobilização, de comprometimento, de coragem inimagináveis para um povo reprimido por um sistema vil que há 12 anos vende uma falsa democracia.
Sabemos que a ferramenta eleitoral é a última ferramenta democrática, visto que todos as outras falharam previamente, restou-nos acreditar mesmo conscientes que seria um milagre quebrar a hegemonia daqueles que controlam o sistema eleitoral via Ministros e Cortes.
Porém jamais refutamos acreditar, e acreditamos, acreditamos... e como consequência, lutamos, lutamos, lutamos.
Retrucamos cada argumento econômico falso, cada injúria ao senhor, ao Professor Fraga, ao ex presidente Cardoso, cada impropério a liberdade de imprensa.
Apontamos incansavelmente o aparelhamento de nossas instituições, o endividamento cada vez maior do estado, uma taxa de cambio artificial, a quebra do comprometimento com o tripé econômico, a inflação, o plano Bolivariano da Pátria Grande, os investimentos externos inconstitucionais, os desvios nas estatais, o endividamento dos Bancos Públicos e Empresas, o fisiologismo no modos operantis deste governo, o aparelhamento das cortes, a restrição a liberdade de imprensa, o avanço dos coletivos e com isso, a inexorável ascensão do executivo frente a equanimidade dos poderes, a falta de gestão na condução sadia dos entes governamentais, as falhas de planejamento dos PACs, o insuportável aumento da criminalidade nas cidades brasileiras, o descaso com as fronteiras, o tratamento inaceitável aos produtores agrículas, a passividade quase fraternal com as FARCs, o desastre da política externa, o descaso com a mobilidade urbana, o custo Brasil impossível de se empreender, as taxas vergonhosas de nossa educação, saúde e saneamento simplesmente inexistentes, uma taxa de desemprego mentirosa alimentada por aqueles que não se interessam em produzir, taxas absurdas de impostos, o poder do FSP, os MAVs e um plano organizado de poder de um Marqueteiro sem qualquer escrúpulo e um Ex Presidente destemperado.
Muito mais do que armas argumentativas e ou tentativas de conquistar votos, o que de fato fazíamos era da nossa irrelevante possibilidade, manter-nos são, com esperança de futuro retroalimentada diariamente pelo tamanho da coragem que o senhor transparecia.
A cada dia, cada caminhada, cada mobilização, cada debate a chama da esperança aquecia nossos corpos, corações e mentes.
Confesso que da minha parte, não acreditava na vitória (pelos fatos supracitados, i.e., uma ditadura não perde o poder via voto de maneira tão simples), mas me sentia esperançoso de que mesmo com a derrota e provavelmente de forma apertada, padrão nas ditaduras Bolivarianas, havíamos conquistado algo que já havíamos perdido a esperança de ter, um Líder de fato, um Estadista que há tantos anos clamamos.
Era essa a maior vitória, a vitória de ter a esperança de ser por alguém defendido novamente.
Alguém por quem se depositasse a credulidade para seguir com esperança de uma justiça a muito perdida.
Esperei em vão no seu discurso, pós resultado eleitoral, esse Estadista.
Entendo que o momento era difícil e talvez (mesmo tendo a certeza do seu conhecimento de uma vitória remota) um plano a um eventual revés não havia sido considerado.
Hoje esperei um pronunciamento, uma carta, um documento algo que firmasse posição antagônica ao projeto de poder vencedor.
Algo pelo qual lutou, bradou.
Que me olhou no olho assim como, estou certo, para os 51 milhões que como eu, viram sua alma através dos olhos daquela senhora no último debate.
Tirar o PT do Poder, o senhor retumbou.
A coragem ao bradar tal sentença me impede de acreditar que esta esvaiu-se e ou inexiste pós pleito.
Reconhecer, sem se posicionar veementemente frente um resultado questionável, é virar as costas para os 51 milhões que a você creditaram suas esperanças.
Nada de transferir responsabilidade, culpabilidades, separatismo e ou bravatas.
Não é sangue e ou lutas inconstitucionais que aqui exclamo.
Mas uma simples atitude de um verdadeiro Estadista que sua alma confessa ser.
Aceitar o cenário atual sem pontuar cada item por ti, por nós questionado é, por si só ratificar e assinar em baixo o projeto de poder em curso.
És humano, compreensível portanto suas limitações orgânicas, porém sua nação, 51 milhões de Brasileiros clamam, urram por um líder.
Sofremos por anos a fio, são anos e anos de descaso, de vivermos como gado sobre o falso véu de uma igualdade social que só alimenta o descaso e a futura desigualdade.
Somos Médicos, Marceneiros, Frentistas, Padeiros, Engenheiros, Advogados, Professores... Somos Brasileiros simples Brasileiros de todas as raças, gêneros, classes sociais que sofre como qualquer Brasileiro as mazelas que nos condenaram.
Talvez poucos de nós tenhamos a possibilidade de tirar férias e ou descansar, mesmo que estejamos tão estafados quanto senhor.
Talvez poucos de nós tenhamos a possibilidade de descansar para recompor nossos cacos pois teremos que acordar cedo no dia seguinte pois a batalha aqui fora não espera.
O tempo urge e cada amanhecer é um dia a menos de liberdade que este povo simples terá.
A tirania instalada neste país mutou nossos sensos, deturpou conceitos, relativizou considerações em busca única e exclusivamente de poder.
Como consequência presenciamos uma sociedade que a cada dia adoece mais e mais mentalmente.
Como Pai, angustia-me o fato de ser este ambiente que criarei os meus, uma terra arrasada de princípios éticos, morais, estéticos e principalmente intelectuais, nas quais as poucas referências são medidas por réguas torpes.
É um dia a menos de esperança que teremos em construir não uma nação mais igual, não no sentido raso socialista, mas sim justo e equilibrada em oportunidades.
Concluo argumentando a urgência do tempo.
Sua atitude não só é necessária como obrigatória frente a porção desta nação que anseia pela referencia que a muito perdemos.
Seu papel na história será pelo senhor decidida, e somos impotentes de cooptar sua escolha.
Imploro que não relegue a estes Sicofantas, dos quais jamais acreditamos, o monopólio da Esperança.
Hoje o senhor tem a possibilidade de transformar uma derrota em uma histórica vitória e entrar para o rol dos heróis nacionais como seu Avô, porém sua omissão, acredite, não passará incólume aos sofridos, maculados e machucados cidadãos deste país chamado Brasil.
* Libertas Quae Sera Tamen.

Rio de Janeiro, 28 de Outubro de 2014

Marcos de Carvalho


*A liberdade que, embora tarde.

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